domingo, 18 de janeiro de 2009

"Viver é melhor do que sonhar" Será?

Não foi eu quem começou de fato aquela bagunça toda. Eu deveria ter alguém para culpar dos meus devaneios perigosos, é fato que eu nunca me preocupei muito em viver de acordo com as regras do mundo real, muito menos com a moralidade. Mas eu nunca quis que quem convivesse comigo sofresse, não queria ser mais taxada de mimada, sofredora, psicótica, chata, obcecada, possessiva e todos os pareceres clínicos e não clínicos que que recebia ao longo dos anos.
Eu gostava da sensação de felicidade de laboratório que só um bom remedinho pode lhe causar, as folhinhas azuis da receita controlada faziam meus olhos brilharem, e eu achava no fundo, um charme eu ser problemática. Não que eu não ache hoje em dia. Mas hoje é diferente, eu procuro esconder a minha bipolaridade. Eu me domestiquei a ser uma pessoa sociável pra poder sobreviver no meu mundinho perfeito e real.
Agora eu vivo a minha vida irreal no meu faz de conta particular, em meio aos meus lençóis, livros, canetas, cadernos e músicas. Em cada música eu vivo os pedaços do meu conto de fadas, crio histórias mirabolantes, as conto me encarando no espelho e vendo até qual ângulo fico melhor quando há choro nelas. É o meu refúgio, minha deliciosa droga de viver no faz de conta que me ensinaram a deixar de lado. Viver é cruel, quando somos pequenos, nos ensinam a criar histórias, meus pais sempre nos incentivaram a imaginar mundo irreais e divertidos, me deram livros, discos, me colocaram pra fazer dança, ginástica, peças na escola...Me fizeram amar tudo isso e depois, quando a gente cresce, menstrua, namora, transa, beija, come e faz todas as coisas que um adolescente faz, depois de tudo, somos obrigados a deixar o mundo inconsequente de lado e viver nesse quadrado chato de lados irregulares e ângulos obtusos.
Viver me irrita, na maior parte do tempo. Mas a minha analista não me deixa pensar em coisas que possam ter tendências em acabar com a minha própria existência. E eu me pergunto porque eu ainda pago por isso.

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